Após embate jurídico, prefeito estima avanço da Ferrogrão em 2026
allan@gazetadigital.com.br
Montagem
O prefeito de Sorriso (420 km de Cuiabá), Alei Fernandes (União), estima que a implantação da Ferrogrão deve ser “destravada” em 2026 após anos de discussões e entraves jurídicos. A expectativa, segundo ele, é de que o edital da primeira etapa da ferrovia seja lançado nos próximos meses, com impacto direto na competitividade do agronegócio da região.
“O futuro nosso é a ferrovia. O trem vai onde a carga está e a carga está subindo”, declarou o prefeito ao comentar o avanço de outros corredores ferroviários no Estado. Ele citou a expansão da Ferronorte em direção a Primavera do Leste, Cuiabá e Nova Mutum, além da Fico, que liga Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT), com projeção de chegar a Santiago do Norte e Sorriso. Se Deus quiser, no ano que vem o governo lança o edital, previsto para setembro, da primeira etapa da Ferrogrão entre Sinop e Miritituba, e depois segue para Sorriso e Lucas”, disse ao Jornal da Capital nessa segunda-feira (15).
O projeto da Ferrogrão, que prevê 933 quilômetros de trilhos entre Sinop (MT) e os portos fluviais de Miritituba, no distrito de Itaituba (PA), deve ter um desfecho em 2026, após 14 anos de debates. De acordo com o novo cronograma do Ministério dos Transportes, o edital de concessão está previsto para junho do próximo ano, com leilão em setembro. Atualmente, o projeto está em fase final de elaboração na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e deve ser encaminhado ainda em dezembro para análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo o governo federal, o custo de implantação da ferrovia está estimado em R$ 33,3 bilhões, enquanto as despesas operacionais ao longo da concessão devem alcançar R$ 103,8 bilhões. A Ferrogrão terá trilhos de bitola larga, com 1,60 metro, contrato de concessão de 69 anos e capacidade estimada de transporte de cerca de 66 milhões de toneladas por ano em plena operação.
Tramitação lenta
Desde que foi anunciada, em 2012, a Ferrogrão enfrenta questionamentos sobre viabilidade econômica e impactos socioambientais. Isso porque o traçado da Ferrogrão também corta um trecho de 49 km do Parque Nacional do Jamanxim (PA), onde vivem povos indígenas. Em 2016, uma lei alterou os limites do parque, com a supressão de 862 hectares da área, para possibilitar a implementação da ferrovia. O PSOL, porém, ingressou em 2021 com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra a medida.
O julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Flávio Dino. O governo refez o projeto, dispensando a supressão da área, mas manteve o traçado no parque, ocupando exclusivamente a faixa de domínio da BR-163, que já atravessa o Jamanxim, e é uma área federal. A União está confiante que sairá vitoriosa do julgamento. O Ministério dos Transportes, inclusive, já programa para o início de 2026 um road show internacional para apresentar o projeto a investidores.
Para Alei Fernandes, a ferrovia é essencial para garantir rentabilidade ao produtor rural do norte de Mato Grosso. “Nosso sonho é ter a ferrovia e, com isso, sermos mais competitivos no mercado. O produtor tem um desafio que é produzir e ter lucratividade. O transporte e a logística são o braço principal disso tudo”, afirmou.


