Condenado e inelegível, idade de Bolsonaro preocupa aliados

O presidente do PL em Mato Grosso, Ananias Filho, admitiu que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) força o partido a rever sua estratégia para as eleições de 2026. Embora reafirme que o plano ainda é manter Bolsonaro como líder, o dirigente reconheceu que a idade pode ser um obstáculo para o futuro político do ex-chefe do Executivo.

“Até agora não mudou nada. O plano continua sendo o Bolsonaro. Mas vai ser repensada a forma de agir do PL após a condenação. Nós estávamos agindo de um jeito e agora tem um fato determinante, que é a sentença em cima do nosso líder. Então temos que repensar”, declarou.

Ananias, contudo, expôs a preocupação interna do partido com o desgaste natural de Bolsonaro, que hoje tem 70 anos. “A idade chega para todos, o relógio biológico não para. Mais oito anos, o presidente Jair Bolsonaro já vai estar numa idade bem avançada. Se tiver bem mentalmente e fisicamente, não vejo dificuldade, mas, pelas expectativas de vida, é muito difícil”, avaliou.

Ao comentar sobre a inelegibilidade imposta ao ex-presidente, Ananias minimizou os efeitos imediatos e lembrou que ainda cabem recursos.

“Primeiro, nós temos recurso que pode até ir para o plenário do tribunal. Isso está muito recente, foi ontem que saiu essa decisão. Vamos esperar os próximos passos. Estarei em Brasília no dia 24 para ver as demandas que estão sendo feitas pela direção nacional”, explicou. No entanto, ao ser questionado se a decisão poderia representar o fim da carreira política de Bolsonaro, Ananias foi direto ao citar o peso da idade.

Bolsonaro condenado

Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros 4 crimes, sob acusação de liderar uma trama para permanecer no poder após as eleições de 2022. É a primeira vez na história do país que um ex-presidente é punido por esse crime. A pena de Bolsonaro foi fixada em 27 anos e 3 meses de prisão, inicialmente em regime fechado.

Seguindo voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, o colegiado entendeu que ele deve ser condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Bolsonaro está inelegível e em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, por ordem de Alexandre de Moraes.

A Corte condenou ainda mais sete aliados do ex-presidente na ação penal da trama golpista pelos mesmos cinco crimes.