Mauro Mendes e Jayme Campos têm histórico de discórdias

Mauro Mendes e Jayme Campos têm histórico de discórdias
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Pablo Rodrigo

pablo@gazetadigital.com.br

Mayke Toscano/Ascom

Mayke Toscano/Ascom

União Brasil tem mais uma disputa interna entre as duas alas do partido que convivem sob desconfiança e críticas desde 2018, quando ainda atuava sob o nome de Democratas. As correntes são representadas pelo governador Mauro Mendes e a outra pelo senador Jayme Campos.

 

Obrigados a conviver, as duas alas vivem em divergência, tanto na condução partidária quanto a possíveis alianças. Porém, a corrente comandada pelo governador sempre tem conseguido conduzir o partido à sua maneira.

 

A primeira crise entre os dois campos ocorreu logo na migração do então ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes e seu grupo político, que deixou o PSB e ingressou no Democratas, com o objetivo de disputar o governo do Estado.

 

Na época, o atual chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, era deputado federal e conseguiu articular junto a Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados, a cadeira de presidente da legenda no Estado.

 

Apesar da boa recepção, logo começaram os atritos. Tanto que o deputado estadual Dilmar Dal Bosco ameaçou deixar o partido na época, criticando a imposição da cúpula estadual sob comando dos novos membros.

 

Apesar das diferenças, Mauro Mendes foi eleito governador e Jayme Campos senador, saindo vitoriosos da disputa. Contudo, os problemas continuaram.

 

Em 2020, durante o pleito municipal e a eleição suplementar para o Senado, que ocorreram juntas, mais um enfrentamento. Enquanto Mendes declarou apoio a Carlos Fávaro (PSD) – que estava exercendo a função de senador por uma liminar do STF, após a cassação da senadora Selma Arruda – Jayme defendia o ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB), tendo Júlio Campos como primeiro suplente.

 

Desta vez, os irmãos Campos saíram em vantagem. No entanto, mesmo vencendo a disputa interna, acabaram perdendo o pleito. É que, no acordo, o governador conseguiu autorização para apoiar Fávaro junto com seu grupo, conseguindo elegê-lo senador da República.

 

O outro embate público foi por conta da relação do governador com o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Enquanto Mendes elegeu Pinheiro como seu inimigo central, os irmãos Jayme e Júlio Campos mantinha uma relação boa com o gestor da Capital.

 

Há quem diga, que nos bastidores, os dois acabaram apoiando Emanuel, enquanto o governador tentou vencer a disputa, primeiro apoiando o ex-prefeito Roberto França, e depois com Abilio Brunini, não obtendo êxito. Isso ainda em 2020.

Já nas eleições de 2024 o embate entre as duas alas ocorreu para escolher no nome que disputaria a Prefeitura de Cuiabá. Mauro Mendes bancava o nome do seu afilhado político, Fábio Garcia, como candidato, os irmãos Campos defenderam o deputado estadual Eduardo Botelho (União).

 

Após meses de uma novela desgastante, Mauro Mendes decidiu apoiar Botelho. Porém, não obteve êxito mais uma vez, já que o deputado não chegou ao 2º turno.

 

Novo round

Agora a disputa fica para o ano que vem. Isso porque o governador Mauro Mendes concluirá a sua gestão e deverá disputar uma das duas vagas ao Senado. Já Jayme Campos encerrará o seu mandato como senador, podendo buscar a reeleição ou disputar o governo.

 

O problema é que o governador Mauro Mendes já declarou que o nome para sua sucessão é do seu vice, Otaviano Pivetta (Republicanos), e busca repetir a dobradinha com o PL na disputa ao Senado. Desta forma, Jayme fica excluído das negociações.

 

Nos bastidores o que se comenta é que ainda no final de 2023, Mendes teria se reunido em Brasília com a cúpula do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sugerindo uma dobradinha para o Senado , com ele, e deputada federal já falecida Amália Barros (PL).

 

Esse teria sido o estopim para Jayme Campos, que começou a usar a imprensa para mandar recado, sempre dizendo que não aceitaria ser escanteado e que poderia disputar o governo e enfrentar qualquer um.

 

Porém, suas declarações sempre ocorrem via imprensa. Na semana passada, Jayme voltou a subir o tom, dizendo que o nome de Pivetta tem o apoio pessoal do governador e não do União Brasil. Mendes, por sua vez, disse que o senador poderia colocar o tanque na rua.

 

Aproximações

Paralelo a isso, a ala dos irmãos Campos participou do evento do lançamento das obras da Embrapa na Baixada Cuiabana lançada pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD), que está rompido com o governador e é considerado o principal adversário de Mendes no ano que vem. Apesar do encontro ter ocorrido em um evento oficial do Ministério da Agricultura, a sinalização é de que há espaço para o diálogo e quem sabe uma parceria política, já que Fávaro também é cotado para disputar o governo do Estado no palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

A possibilidade de uma união com o PSD, o MDB de Janaina Riva, mas o grupo de Jayme, que poderia ocorrer em uma nova legenda.

 

Jayme Campos também esteve reunido com o ex-governador Pedro Taques, que retorna ao cenário político estadual após aproximação com a cúpula nacional do PSB. No encontro, os dois analisaram a conjuntura atual e a possibilidade de se forma um novo grupo. Taques tem avaliado voltar a disputar o Senado, já que passou a ser a única voz da oposição ao governador Mauro Mendes (União), depois dos deputados Lúdio Cabral e Valdir Barranco, ambos do PT.

 

A aproximação dessa ala com Fávaro foi classificada pelo entorno do Palácio Paiaguás como um recado indireto ao governador.

 

Resta saber se essa relação conturbada entre as duas alas se esfriará no ano que vem ou poderá terminar em um rompimento em definitivo.

 

Federação

Na última semana avançou a possibilidade da formação de uma Federação entre o União Brasil e PP, o que também influenciaria na relação entre a ala de Jayme Campos e a ala do governador. Nos bastidores, a informação é de que se concretizar a união federal, praticamente isolaria o grupo dos irmãos Campos e a velha guarda do União Brasil, já que hoje o PP está sob a batuta do ex-senador Cidinho Santos (PP), principal conselheiro político de Mauro Mendes.

 

Diante disso, a única saída para Jayme seria buscar outro partido ou se aposentar em definitivo da política.

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