Mãe, filho e cunhado vão a júri por assassinatos no Nortão
Por: Gazeta Digital
Na decisão em que pronunciou Inês Gemilaki, Bruno Gemilaki Dal Poz (filho dela) e Edson Gonçalves Rodrigues (cunhado dela) pelo duplo homicídio de Pilson Pereira da Silva e Rui Luiz Bogo em abril de 2024, o juiz João Zibordi Lara, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo, citou a motivação fútil do crime (uma dívida por aluguel) e que as vítimas foram pegas de surpresa, sem possibilidade de defesa. O trio será julgado pelo Tribunal do Júri.
A decisão foi proferida na sexta-feira (10). O magistrado pontuou que o Ministério Público, em suas alegações finais, pediu a pronúncia de Inês, Bruno e Edson pelos dois homicídios, com as qualificadoras de recurso que dificultou a defesa da vítima e motivo fútil.
A defesa de Bruno pediu o afastamento da qualificadora de motivo fútil argumentando que o crime decorreu de um contexto de animosidade e ameaças feitas por cobradores armados que teriam sido contratados pela vítima “Polaco”, que alugou um imóvel para Inês e depois quis ressarcimento por danos. Bruno ainda destacou que a Justiça declarou inexistente a dívida que Inês teria com “Polaco”.
Alegou também que o valor de R$ 2 milhões, que o Ministério Público pediu como reparação às vítimas sobreviventes e familiares dos falecidos, é desproporcional. A defesa de Edson pediu a impronúncia dele, por falta de provas.
Já Inês alegou que não estava em plena capacidade de autodeterminação no momento do crime, sendo que ao atirar em Rui acreditou que, na realidade, estava atirando em “Polaco”. Com relação a Pilson, ela disse que não mirou nele e que possivelmente foi atingido quando ela efetuou uma série de disparos para entrar no local.
Analisado o quadro probatório apurado, constata-se que a materialidade e a autoria foram suficientemente esclarecidas para este momento processual pelos depoimentos testemunhais, vídeo e prova pericial”.
Ao analisar o caso o magistrado considerou que as qualificadoras descritas na denúncia não se mostram incompatíveis com a dinâmica dos fatos, devendo o Conselho de Sentença acolhê-las ou não. Com isso ele pronunciou Inês, Bruno e Edson para que sejam julgados pelo Tribunal do Júri.
“As vítimas foram surpreendidas pelos disparos, sem possibilidade de reação defensiva. (…) O motivo do crime, considerado fútil, está demonstrado nos autos, sendo relacionado a uma dívida de aluguel e danos à propriedade que Inês Gemilaki possuía em relação à vítima [Polaco]. A reação desproporcional dos acusados, que resultou nos homicídios e nas tentativas, foi impulsionada por essa motivação, evidenciando sua natureza injustificada”, disse o juiz.
O caso
Mãe, filho e cunhado invadiram a casa de “Polaco”, onde acontecia um almoço de aniversário. Inês Gemilaki atirou contra várias vítimas e conseguiu matar duas.
Pilson Pereira da Silva e Rui Luiz Bogo morreram no local. Um padre foi ferido, passou por cirurgia e passa bem. A vítima principal com quem a família tinha desavenças, “Polaco”, não foi atingido. Ele teve lesões por conta dos estilhaços de vidro.
Inês e “Polaco” já tinham um desentendimento. À polícia, a cunhada disse que o homem havia reclamado com Inês quando ela alugava a casa dele, sobre as condições da piscina. Nisso a mulher descobriu que o homem estava vendo as imagens das câmeras de segurança e ela resolveu desligar as câmeras, já que tinha o costume de andar só de calcinha e sutiã. Ela temia que ele já tivesse a visto nua.
O homem então pediu a casa de volta e se iniciou uma briga judicial por cobrança de possíveis prejuízos. O dono da casa perdeu o processo, mas não teria gostado da situação e daí se iniciaram as brigas e ameaças.
A cunhada ainda disse que no sábado (20) Márcio havia ido à casa dela e de seu marido Edson, e disse para não irem mais à residência dele, pois na tarde daquele dia 6 homens teriam ido lá atrás de Inês, dizendo que queriam matá-la. Márcio conversou com estes suspeitos e nada aconteceu.
Investigações mostraram que Inês vinha recebendo cobranças e ameaças e no dia do crime ela teria recebido uma ligação, enquanto estava em uma festa na casa de seu cunhado Edson. Depois do telefonema ela teria mudado seu comportamento e pouco tempo depois chamou Bruno e Edson para ir comprar mais cerveja. Foi neste momento que foram à casa de “Polaco” e cometeram o crime.