Fávaro é criticado por deputados ao explicar leilão do arroz e nega ter demitido Neri Geller
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), prestou esclarecimentos, esta manhã, na Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados, sobre o polêmico leilão de arroz do governo federal, que acabou cancelado, após diversas empresas que não são do setor, e negou que tenha sido sua a decisão de demitir o secretário de Política Agrícola do ministério, Neri Geller. O ministro disse que após ser reveladas suspeitas de irregularidades no leilão o governo decidiu pelo cano elemento e que, na reunião com Lula devido aos desgastes políticos, “Nós estivermos com o presidente e a orientação nossa, todos que estavam na reunião, é o Neri se afastar dar espaço a toda a investigação. Não tendo nada (de suspeita de envolvimento dele com irregularidades) mostra a retidão, fica apto, é uma total transparência. Foi assim que sugeri a ele (presidente)”, disse Fávaro. Ele também considerou “ato falho as ligações pessoais do filho (de Geller) com a empresa que operou este leilão, não teve nada de errado que possa sofrer qualquer condenação”.
Geller disse ontem, ao se explicar na mesma comissão na Câmara dos Deputados, que acabou sendo demitido por e-mail e que não foi recebido por Fávaro após lhe explicar, pessoalmente, no mesmo dia, a questão do seu filho ser sócio de uma corretora de grãos que estava entre as participantes vencedoras. Geller disse que recebeu e-mail constando que sua demissão teria sido “a pedido” do próprio Geller e que enviou pedido para ser retificada sua demissão para que fosse por decisão do governo. Sua saída resultou no rompimento político com Fávaro que não teria lhe defendido no episódio.
O ministro foi criticado pela oposição ao ser questionado e alguns defendem a CPI do Arroz. O deputado mato-grossense José Medeiros (PL) disse que Fávaro é “advogado do MST”, que “fez campanha do lado do Bolsonaro”, depois apoiou Lula e “defendendo o MST”. Ele também questionou a autonomia de Fávaro no ministério. “O que chega aqui é que quem manda no senhor são as traddings”. Na sequência de sua fala, o ministro não se manifestou sobre as declarações de Medeiros.
O deputado Giovani Chierini (PL-RS) criticou a postura política do ministro, que é senado licenciado. “Quando ele tava na FPA (Frente Parlamentar do Agronegócio) ele defendia o agro, quando ele entra no governo ele vira carta fora do baralho”. “Neri Geller caiu porque não é do PT e o senhor vai par o mesmo rumo. Pode ter certeza”, criticou. “O senhor bota um próprio veneno, uma suspeita contra Neri Geller. Então tem que ter CPI”. “O governo até agora só está se vingando do agro”, acrescentou ao se referir que grande parcela de produtores apoiou Bolsonaro.