Aprosoja disse ter cautela com alteração em datas do vazio sanitário
Período começa em 08 de junho e vai até o dia 06 de setembro; mudança foi divulgada pelo Mapa
O presidente da Aprosoja, Lucas Beber: “Nova data pode colocar em xeque a produtividade e a produção da maioria”
A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) recebeu com cautela a alteração do calendário do vazio sanitário e do plantio da soja da safra 2024/2025 que antecipou a proibição da presença de plantas vivas de soja em uma semana do que era previsto anteriormente.
O novo calendário foi divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta quarta-feira (15). O vazio sanitário começa em 08 de junho e vai até o dia 06 de setembro. A semeadura começa em 07 de setembro e segue até 07 de janeiro de 2025.
O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, afirmou que recebeu com surpresa a alteração.
Um dos pontos a ser considerado, segundo o presidente da Aprosoja-MT, é o plantio adiantado em uma semana, desta vez para 07 de setembro indo até 07 de janeiro.
Isso porque em anos de El Niño ou de La Niña há o adiantamento ou atraso das chuvas, explanou Jerusa. Nesta safra atual, em que o fenômeno vivenciado é o primeiro, houve um atraso no início das chuvas.
Algumas regiões teve um volume acumulado de chuva, mas não se manteve no mês seguinte e aí ocorreu o período maior de seca e muitas lavouras foram semeadas no fim de outubro ou início de novembro. A notícias de que lavouras semeadas mais cedo tiveram proliferação de pragas como mosca branca e ferrugem.
“Como chove pouco no início e as chuvas não são uniformes, isso pode colocar em xeque a produtividade e a produção da maioria, prejudicando não só aos produtores rurais economicamente, mas todo o estado de Mato Grosso, na sua produção, produtividade e arrecadação do Estado”, disse o presidente.
Por outro lado, a data de plantio se estendendo em janeiro pode ser positiva, conforme a análise de Lucas Costa Beber. O presidente da Aprosoja que acredita que a data pode ser mais apropriada, tomando como exemplo este ano, qm que muitos produtores rurais precisaram fazer o replantio.
“Ir até o dia 7 de janeiro (de 2025) ainda não é o prazo perfeito, mas é bom porque é uma época na qual devemos considerar que pode ter a necessidade de replantio, como nesta safra, quando os produtores tiveram que fazer replantio no fim do ano passado e começo de 2024. Em anos de El Niño, então, uma data assim ou prazo ainda maior, é mais apropriado porque ajuda os produtores a semearem sem a necessidade de pedir o plantio excepcional”, concluiu Lucas Costa Beber.
Segunda cultura, o gergelim
O representante dos produtores de soja e milho do Estado indicou que há pontos a serem considerados como o prejuízo para a segunda cultura, o gergelim.
Segundo o 7º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão de produção de gergelim em Mato Grosso era de 187,7 mil toneladas na safra 2023/2024.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) pontuou que o número era resultado do aumento da área plantada em mais de 100%, saindo de 185,5 mil hectares para 381,9 mil hectares.
O gergelim, explicou Jerusa Rech, gerente de Defesa Agrícola da Aprosoja-MT, foi muito procurado este ano pelos produtores que perderam a janelado plantio do milho por conta da forte estiagem.
“Os anos mais secos favorecem a escolha do gergelim em comparação ao milho, é uma forma de aproveitar as terras que ficam subutilizadas durante os períodos de escassez de água. O grão é também uma boa opção de investimento porque o mercado internacional tem um alto consumo. Além disso, muitas áreas cultivadas em março ainda não foram colhidas”, detalhou a especialista.
Nesse sentido, Jerusa chamou a atenção também para o fato de que com o vazio sanitário antecipado, os produtores terão menos tempo para eliminar as plantas tigueras ou guaxas (planta de um cultivo anterior que brota na safra atual) e podem perder a sua produção, e com isso ter uma queda na produtividade do gergelim.