Governo exonera três ministros para garantir votos em MP que substitui aumento do IOF

Marina Ramos / Câmara dos Deputados
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou nesta quarta-feira (8) três ministros de Estado para que eles participem da votação da MP (Medida Provisória) alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O governo teme uma derrota no Congresso Nacional.
Lula exonerou os três ministros que são deputados licenciados: André Fufuca (PP-MA), Celso Sabino (União-PA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).
Sabino e Fufuca permaneceram no governo mesmo com a determinação de seus respectivos partidos para que eles deixassem os cargos. Por causa disso, ambos serão afastados das legendas e vão responder a processos internos.
A MP perde a validade nesta quarta-feira. Na terça-feira (7), o texto foi votado em comissão mista e aprovado com placar apertado, de 13 contra 12.
Motivos políticos influenciam votação
Segundo o governo, o risco de derrota é por motivos políticos, e não devido ao que estabelece a medida provisória. Para aliados do Executivo, a movimentação tem um claro tom eleitoral e visa antecipar a disputa do ano que vem.
Nos últimos meses, partidos de centro, como o PP e o União, decidiram desembarcar da Esplanada dos Ministérios. As duas legendas devem orientar voto contrário à MP.
De autoria do Executivo, o texto sofreu modificações na Câmara no parecer do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o que fez a previsão de arrecadação da medida para 2026 sair de R$ 20 bilhões para R$ 17 bilhões.
Dois pontos principais (linhas de crédito do agronegócio e aumento na taxação das bets) foram retirados do texto, garantindo conformidade com a vontade da maioria do parlamento.
No entanto, ainda assim, bancadas como o PSD, União Brasil e PP devem votar contra o texto. Isso sem contar o PL, maior partido da Câmara, que é de oposição.
Lula diz que Congresso está contra o Brasil
Na tarde desta quarta, Lula criticou a politização do tema, destacando que aqueles que votarem contra o texto estarão indo contra os “interesses do povo brasileiro”, e não contra o presidente.
O governo convocou reuniões nas últimas horas para tentar reverter uma possível derrota.
Se o texto for rejeitado, o governo já fala em aumento de contingenciamento de recursos públicos, incluindo emendas parlamentares, que poderiam sofrer um bloqueio de até R$ 10 bilhões.