Analista vê Mato Grosso sem lideranças e “refém de paixões”

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Segundo João Edisom, eleitorado prefere reproduzir a polarização ideológica brasileira

O cientista político João Edisom: “pessoas que não vivem aqui vão definir candidaturas”

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

A fragilidade dos partidos e da representação política local, somada à força das paixões políticas, devem levar à definição das candidaturas em Mato Grosso pelas lideranças nacionais, nas eleições do próximo ano.

 

A avaliação é do professor e cientista político João Edisom, que aponta uma extrema dependência do Estado em relação à pauta nacional, hoje ditada, sobretudo, por figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Em entrevista ao MidiaNews, o analista citou que esse fenômeno já vem sendo vivenciado no Estado há, pelo menos, três processos eleitorais.

 

Mato Grosso hoje é muito dependente de pessoas que não bebem água daqui, não comem aqui, não vivem aqui, mas são elas que vão definir as candidaturas

“O estado perdeu forças partidárias, não temos grandes lideranças. Mato Grosso hoje é muito dependente de pessoas que não bebem água daqui, não comem aqui, não vivem aqui, mas são elas que vão definir as candidaturas”, disse.

 

“Vejo que todas as coligações serão decididas por nomes como Valdemar da Costa Neto, Baleia Rossi, Jair Bolsonaro, Lula. Ou seja, nomes que estão completamente fora do estado acabam determinando a nossa conjuntura estadual”, emendou o analista.

 

Reprodução de ideologias

 

Na visão dele, o cenário é fruto também do comportamento e do perfil do eleitorado que não pauta suas decisões pensando nos problemas e necessidades locais e prefere reproduzir a polarização ideológica brasileira.

 

O resultado é que o processo eleitoral em Mato Grosso, especialmente quando se trata das candidaturas majoritárias, fica refém de afetos.

 

“O eleitor está mais voltado às paixões. Por exemplo, o presidente Lula é quem vai definir o cargo que o senador Carlos Fávaro irá disputar. Não vai ser o partido. Teremos uma eleição um pouco voltada à luxúria, à questão de ódio, da raiva. Falta identidade”, afirmou.

 

“Pode aparecer daqui para frente um outsider sem mais nem menos e esse ‘cara’ sobrepor ao Governo, por exemplo. E não se assuste se tivermos surpresas também no campo da esquerda”, disse.

 

Cidinho e união de grupos

 

Ainda durante a entrevista, o analista citou que as eleições ao Governo do Estado dependerão muito dos acordos firmados nacionalmente. Na visão dele, dos nomes postos até o momento, o senador Welligton Fagundes (PL) é quem teria uma candidatura um pouco mais consolidada, muito por conta do bolsonarismo em Mato Grosso, que abocanha mais de 50% do eleitorado.

 

“Wellington abriria mão da disputa? Talvez não. Mas um acordo do presidente Valdemar pode ser decisivo. Lideranças do União Brasil também serão decisivas. O próprio governador deve ‘entrar na briga’ porque estamos falando de uma sucessão e há interesses de emplacar um dos seus”, ponderou.

 

“E há um detalhe que poucos falam que é o ex-senador Cidinho Santos. Ele tem o poder converter partidos em torno de seu nome e aí os candidatos da direita ‘morrem’. Cidinho pode reunir PL, Progressistas, Uniao Brasil, Republicanos. Se houver um chamado, penso que político não tem muito querer, ele poderia ser esse nome forte ao Governo”.

O ex-senador Cidinho Santos tem o poder de converter partidos em torno de seu nome e aí os candidatos da direita ‘morrem’

 

Senado e o risco do “segundo voto”

 

Na disputa ao Senado, que em 2026 terá duas cadeiras em jogo, o analista político projeta uma eleição de alta complexidade, com chances reais de vitória para nomes que, hoje, não aparecem bem colocados nas pesquisas eleitorais.

 

Segundo ele, isso ocorre porque os pré-candidatos mais bem posicionados acabam concentrando a rivalidade, protagonizando um embate direto e polarizado. Esse cenário se reflete também entre os eleitores.

 

“Os primeiros colocados travam um embate e o segundo voto do eleitor acaba indo para uma pessoa que, muitas vezes, não está no jogo. Já elegemos nessas mesmas circunstancias nomes como Jonas Pinheiro, Pedro Taques, Serys Shlessarenko, Selma Arruda, esta última, inclusive, que acabou como a mais votada”.

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