Doria exalta Mendes no agro e evita falar em Fávaro: ‘não sou capaz de analisar’

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Mayke Toscano/Secom-MT
Em sua primeira visita a Mato Grosso após deixar o cargo de governador de São Paulo, o empresário João Doria avalia que a economia no país poderia estar melhor, mas, de forma geral, considera que “vai bem” graças a liderança do setor do agronegócio, em especial no estado mato-grossense. Entretanto, Doria não comentou a atuação do Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa), Carlos Fávaro (PSD).
“O agro hoje representa um terço da economia brasileira e também geração de empregos. Essa liderança faz parte das ações que o governo do Estado têm feito, criando facilidades, evitando burocracias e construindo campos para melhorar logística e exportações”, avaliou em entrevista essa semana.
Ao lado do governador Mauro Mendes (União Brasil), Doria teceu elogios ao aliado em relação ao trabalho feito pela gestão estadual na infraestrutura, principalmente no asfaltamento de rodovias, o que facilita a logística do escoamento da produção agrícola. Porém, indagado sobre a atuação de Fávaro no comando do Mapa, Doria, evitou qualificações ao ministro.
“Não sou capaz de fazer essa análise de quem ocupa o Ministério da Agricultura. […] O Brasil tem dois grandes valores no campo internacional, a segurança alimentar, do agro, e a transição energética. Em ambos é campeão, com ministro ou sem ministro, não quero desvalorizar, nem fazer qualquer menção de qualificação em relação a quem ocupa o Mapa, mas o fato é que o Brasil no agro vai bem e representa bem, amplia mercados de consumo diante de uma nova geopolítica”, justificou.
O governador Mauro Mendes (União Brasil) e Carlos Fávaro (PSD) romperam relações por motivação política desde o pleito de 2022. O ministro decidiu apoiar o presidente Lula (PT), enquanto Mendes (União) foi o responsável pelo palanque de Bolsonaro. Após a eleição, Fávaro se tornou ministro da Agricultura e, desde então, diálogos entre ambos não têm ocorrido e críticas mútuas circulam em falas públicas e para a imprensa.
Anteriormente, ambos já se estranhavam devido a disputas eleitorais. Fávaro cobrou que Mauro escolhesse Neri Geller (PP) como senador em sua chapa. Porém, Mauro Mendes decidiu por Wellington Fagundes (PL). Fávaro também apoiou a candidatura da esposa do ex-prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), Márcia Pinheiro (PV), na disputa pelo governo do Estado. Na ocasião, Mendes tentava se reeleger e venceu nas urnas.
Além disso, as discussões que já projetam as eleições de 2026 também mostram os dois em lados opostos novamente. O ministro afirmou que deseja disputar a reeleição ao Senado, cargo também pleiteado por Mendes.
Poucos minutos antes da fala, Doria havia defendido maior liberdade de atuação para o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad (PT), apelando inclusive para que “deixassem o ministro trabalhar”. Durante a fala, ficou “no ar” que a menção seria um recado a representantes do mercado financeiro e do Banco Central, que expõem desgastes frequentes com os anúncios da pasta da economia sob o comando do petista.
Primeira vez em Mato Grosso após deixar o cargo, João Doria veio ao estado para dialogar com o governador para tratar das oportunidades de cooperação e investimentos entre Mato Grosso e mercados globais estratégicos.
Ex-governador de São Paulo, Doria é também fundador do LIDE, Grupo de Líderes Empresariais, organização que reúne executivos dos mais variados setores de atuação “em busca de fortalecer a livre iniciativa do desenvolvimento econômico e social”. Também acompanharam a reunião o conselho do LIDE de Mato Grosso e representantes internacionais do LIDE Emirados Árabes Unidos e LIDE Índia.